O bairro onde moro deveria ter um saloon. É difícil encontrar um lugar sem frescura, somente pra dar um trago. Estava procurando justamente um lugar deste pra tirar a poeira da garganta até que resolvo entrar num botequim perto da minha casa. Pra começar achei bastante insólito o local. Não parecia um lugar onde se poderia ouvir Franz Ferdinand, mas tocava Take me out quando entrei.
Achei estranho, mas relevei, bem melhor que ter de escutar Calcinha Preta, Cavaleiros do Forró, Capim Cubano, Calipso ou qualquer coisa cretina. E quando a música está terminando, me pergunto o que virá a seguir. A resposta vem de forma desagradável: “Foi num risca-faca que eu te conheci...”. Não sei se foi mais lamentável ou bizarro. Do rock ao risca-faca é um grande salto, convenhamos.
Aproveito a promoção do bar: pedindo um dos pratos sugeridos, grátis um drink. Peço uma batata frita e no mesmo instante pergunto qual a bebida que ganho. “Cerveja ou uísque”, responde o garçom.
“Certo, qual o uísque”, pergunto.
“Audi eninchet”, diz o garçom.
“O quê?”, indago enquanto penso que o garçom tem sérios problemas de dicção.
“Audience”, responde.
Faço cara de bunda, porque continuo sem entender nada. Que diabo de uísque será esse?
Solícito, o garçom vai até o balcão e traz o bendito uísque. Nem o provável alemão “Audi eninchet” ou o escocês “Audience” que ele me disse, mas sim o uísque-pobre Old Eight, o esquenta-tripa favorito do povão.
Como as fritas murchas e oleosas, tomo um gole da bebida (intragável) e fecho a conta. Rústico demais até mim. Na próxima vou num lugar onde tenha pelo menos Teacher’s.
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