segunda-feira, janeiro 15, 2007

Não é difícil escutar alguém dizer chavões como “você é o que você come” ou “você é aquilo que você veste”. Ana Marias e Adrianes Galistel sempre dizem esse tipo de coisa nos seus programas de TV. Agora me pergunto se isso também vale para os filmes que gostamos de ver. Você é aquilo ao que você assiste?

São 1h30 da manhã. Insônia. Fumo aqui, tomo um chá, fumo aqui, tomo um chá... mas não relaxo o suficiente para dormir. Ok, esqueça o cigarro, não fumo. Só tomo o chá de pêssego mesmo, que também não adianta. Decido ver os dois últimos episódios da terceira temporada de A sete palmos. Só porque decido ver uma série dramática e mórbida de madrugada, não significa ser um cara baixo-astral ou que estou deprimido. É apenas uma forma de passar a madrugada. Só pra garantir mais diversão, decido ver O bebê de Rosemary logo após. Animação sem limites.

Uma conhecida me disse que deveria ver coisas mais animadas, sobretudo nas madrugadas sem sono. Porque, na opinião dela, isso deve contribuir para meu constante estado de espírito triste e pessimista. Embora eu mesmo não acho que sou alguém em “constante estado de espírito triste e pessimista”. Apenas não vou ficar empolgado sabendo que os pandas sumirão da Terra e tendo consciência de que o aquecimento global trará mais conseqüências do que o aumento do faturamento dos fabricantes de ventiladores. Não sou filiado ao Greenpeace, apenas foi o que veio na minha cabeça.

Poderia muito bem lamentar (e lamento) porque as pessoas gostam de Capim Cubano (“eles deveriam tirar o ‘bano’, diz o crítico musical José Teles”), Geraldinho Lins ou qualquer uma das criaturas que tocam, simplesmente, em todos os bares da cidade ao mesmo tempo.

(Por isso sou a favor de uma revolução (ou seria ditadura?) cultural. Se os bolchevistas fuzilaram o czar Nicolau II e sua família sem muitos prejuízos, aposto que as pessoas não dariam muita atenção ao desaparecimento de Armandinho ou Capital Inicial.)

Nestas condições, como alguém pode dizer que o que assisto me faz deprimido? O mundo lá fora é muito mais triste que em A sete palmos ou em O bebê de Rosemary.

Existe o carnaval, com Vassorinhas tocando a todo momento.

Os Beatles não existem mais.

O Enéas nunca mais deixou a barba crescer.

Paulo Coelho insiste em escrever novos livros.

O padre Marcelo tem uma coluna no jornal e eu não.

Percebem que a realidade é muito mais chocante? E ainda passa Páginas da Vida na Globo.

Conheço gente que passou a vida vendo essas novelas do Manoel Carlos (e as do Agnaldo Silva) - as coisas mais tristes e surreais da TV -, e que nem por isso adquiriu algum comportamento psicótico ou varizes na alma.

Um comentário:

Anônimo disse...

MUITO FUDEROSO!!!!!!!!!!!!!!!!! MUITO, MUITO, MUITOOO
hueheuehuheuhue


eu tenho varizes na alma só de pensar em Armandinho...

Quando Deus te desenhou.. hidrocor tava falhando..
e algumas outras rimas ricas =*

beijo, fofo
torta