quarta-feira, maio 30, 2007

A primeira consulta urológica de um homem

Pelo menos a cada dois meses eu sofro alguma mazela e algum médico de emergência suspeita que eu estou com algum grande problema de saúde ou diz que eu tenho cinco minutos de vida.

Da última vez, disseram que eu provavelmente estava com pedras nos rins e que, em breve, deveria estar me contorcionando ao urinar. Não deu em nada.

Agora, disseram que por conta de um cisto que eu tenho no rim esquerdo – até pouco tempo considerado inofensivo – sofrerei infecções mil e todo tipo de provação.

Para o tira-teima, me indicaram uma visita ao urologista. Depois de um breve papo sobre minhas dores no rim esquerdo, o médico, que deveria ter uns 123 anos, me manda tirar toda a roupa.

Quer dizer, ele disse que eu poderia continuar com as meias. E se existe uma coisa mais ridícula que um homem pelado é um homem pelado usando apenas meias. A degradação em seu ápice.

O médico pede para que eu fique de costas. Obedecendo, percebo logo à frente uma bisnaga de vaselina. Se isso não é o máximo de como alguém pode se sentir indefeso, não sei o que é.

Então o médico me apalpa. Na região lombar, claro. Pergunta se sinto dor ao pressionar meu rim ruim. Dá uma sacada geral, acho que pra conferir se não tenho cranco mole ou sinais de alguma outra DST, e me manda vestir a roupa novamente.

No fim das contas, diz que eu não tenho nada. Ótimo. Desde que eu não sofra nenhuma outra mazela daqui a um mês.

Acho que a explicação do encosto gay é a mais plausível.

segunda-feira, maio 21, 2007

Crise de 1/5 da idade

No começo, era tudo demais, agora é apenas o mais. Estágio, faculdade, Mc Lanche Feliz e suco de uva Del Valle. Todas essas coisas já foram muito mais gostosas e hoje em dia não têm lá muita graça.

É uma sensação parecida com a que você tem logo que assina tv a cabo. Tudo parece uma maravilha, até o momento quando você nota a variedade absurda de encarnações dos Power Ranges sendo reprisada a todo o momento ou a imensa quantidade de documentários sobre o acasamento das libélulas africanas albinas que, por alguma estranha razão, vivem nas florestas equatorianas.

Mais do mesmo.

Daí o problema: sempre o mesmo sabor e os mesmos afazeres. E de vez em quando, recebo também algumas demonstrações de sadismo de algumas partes, o que torna a vida um pouco mais agitada, mas, não necessariamente, divertida.

Não digo que acho tudo essencialmente chato, irritante e insosso. Não sou pentelho a esse ponto. Cho Seung-Hui é que não gostava de nada.

segunda-feira, maio 14, 2007

Eu deveria ser indie

Após me aventurar pelos tortuosos pensamentos dos emos e quase virar o novo vocalista do Simple Plan, flerto agora com a cultura indie. Isso porque agora tenho um corte de cabelo moderninho.

Durante toda a vida, tive apenas duas variações de cabelo: curto ou médios mal aparados. Sempre pareceu razoável, já que permitia relativa quantidade de variações de penteado, como o “dividido no meio de nada”, “para o lado intangível”, a “franja surreal” ou “cacheado entrópico”.

Insatisfeito, apelei para um cabelereiro da moda, e não um dos habituais barbeiros que, em muitos casos, são barbeiros em todos os sentidos.

Logo que entrei no salão, descobri para onde iam os R$ 35 pagos pelo corte de cabelo: sapatos da Puma, calças caras e camisa da Lacoste do cabelereiro. Escolhi um corte que vi numa revista de cabelos japonesa e o moço fez uma “leitura” do visual para o meu perfil. Tudo bem afetado.

Fiquei um pouco preocupado durante o procedimento na minha cabeça, já que imaginava correr o risco de ficar com um visual tão gay quando o do dono do salão. E foi difícil não rir enquanto a cabelereiro dá umas requebradas ao som de Beck (sim, salão com ambientação sonora).

No fim das contas, gostei do resultado. Curto dos lados, maior e irregular em cima, além de uma espécie de moicano atrás. Não, não irei postar uma foto.

sexta-feira, maio 04, 2007

Eu deveria ser emo

Sempre me irrito com pessoas de baixo-astral que parecem gostar de chafurdar nas suas supostas misérias. Gente que fica deitada na cama olhando pro teto, sem perspectiva, enquanto o mundo acontece lá fora. Me incomodam bastante.

Mas esqueço que sou um deles. Pelo menos, um depressivozinho ocasional.

Vez ou outra, atinjo um patamar de intolerância:

Fico puto porque o cara do trabalho usa calças de moletom como se fossem roupas de verdade; sinto ódio dos macacos da Amazônia fazendo amor no Globo Repórter.

Tenho a convicção que não sou bom namorado; percebo que o que escrevo não é interessante, exceto, talvez, para mim mesmo.

Mando à merda o moleque que insiste em limpar o pára-brisa do carro; dou dedada pro motorista que ocupa duas faixas.

Enfim, me sinto triste, hipócrita e rabugento. Mais ainda por escrever isto.

E nem mesmo sei cantar ou tocar algum instrumento para tentar formar uma banda emo para transmitir minhas angústias adolescentes senis. Assim, teria chance de faturar uma grana.