sexta-feira, abril 27, 2007

Encosto gay

Estou eu saindo da sala do cinema quando o telefone celular toca. Vejo no display o nome do meu tio e imagino logo que é alguma cagada familiar. Doença, morte ou alguma coisa assim.

Tomo um susto logo que ele começa falar, mas não tem nada a ver com tragédia:

- Tem um gay no seu trabalho que dá em cima de você?

- Não, tio.

- Tem certeza?

- Olha, tem um cara que me curte, mas ele não dá em cima não.

- É que eu fui no espírita e ele disse que esses seus problemas de saúde têm a ver com um gay do seu trabalho que quer algo com você.

- Tem um “véio” que me adora, mas ele não faz nada demais...

- Mas você não quer nada com ele, né?

- Não...

(Parêntesis: Por que diabos todo mundo desconfia que eu sou gay?)

- Como ele não tem você, ele não quer que você seja de mais ninguém. Por isso que você está doente.

- Okay, okay...

- Tome cuidado com ele, viu?

- Certo, tio.

Como é que surge esse tipo de coisa? Um espírita diz pro meu tio que meus problemas de saúde têm algo a ver com um suposto olho gordo por conta de um cara que supostamente me curte? Achei que só os médicos tinham explicações bizarras paras minhas mazelas.

Se eu acreditasse, tomava um banho de sal grosso.

Até toparia acender um incenso, mas sou alérgico. E pior que alguém com encosto é alguém com encosto tendo uma crise de espirro.

segunda-feira, abril 23, 2007

Murphy para dias de chuva numa cidade calorenta

Já desisti de usar minhas camisas de manga comprida quando está um pouco frio e chuvoso aqui em Recife. Nunca dá certo

- Assim que eu saio de casa com minha roupa de inverno, começa a fazer um puta sol.

- Tão logo eu entro no ônibus, volta a chover.

- Não consigo pegar um lugar junto à janela.

- Todos os outros passageiros são sádicos o bastante para fecharem todas as janelas enquanto chove.

- Todos os passageiros continuam respirando, o que torna o lugar bastante abafado.

- Eu fico suando feito um porco agasalhado correndo pelo deserto de Gobi.

- A chuva passa, mas ninguém abre as janelas.

Quando eu desço do ônibus, a chuva volta e o clima fica um pouco mais frio. Mas não faz diferença mesmo. Já estou suado e cheirando a guardado, pronto para mais um dia de trabalho.

quarta-feira, abril 18, 2007

Pode não.

De quando em quando eu me pergunto pra onde vai toda informação produzida na internet. Sim, eu sei que tudo fica armazenado em servidores. Ok, mas onde estão estes servidores? E, o mais importante, como diabos cabe tanta coisa nessas máquinas?

Existem milhões de pessoas escrevendo blogues e colando informação em algum lugar da internet. E, ainda por cima, dá pra encontrar toda a discografia do Roberto Carlos e todas as temporadas dos Simpsons.

Onde é que fica tudo isso. E os gmails com seus dois gigas de capacidade? E aquelas fotos-da-festa-que-ficaram-ótimas que milhões postam todos os dias no Orkut?

E até hoje eu fico impressionando com o funcionamento de uma televisão (não entra na minha cabeça isso de imagem e som voando pelo espaço e aparecendo num tubo através de uma antena). Acho sofisticado demais. Imagina isso de internet.

Sinceramente, acho que a internet não existe. Pode não um negócio desse. É tudo mentira. E você também.

terça-feira, abril 17, 2007

Minha querida Sodoma

É a mesma coisa diariamente. Chego em casa e escuto minha mãe falar do dia de trabalho dela no banco. Aquele papo “ah, um cliente queria sacar R$ 1 milhão da conta dele” ou “faltou dinheiro nos caixas eletrônicos”, com pouquíssimas variações.

Não tenho saco de ouvir isso, porque também todo dia passo por uma rotina efandonha na redação do jornal. Meu trabalho como (quase) jornalista não é nem um pouco emocionante. Não consigo viver a minha monotonia e ainda escutar sobre outro cotidiano tedioso.

Quem me dera viver as aventuras do saudoso Tim Lopes. Pena que nem mesmo ele conseguiu sobreviver às suas aventuras, mas isto é apenas um detalhe.

O pior de tudo é que parece existir, dentro de mim, um certo prazer em trabalhar com isso. Uma relação masoquista que nem Sade poderia descrever direito. Acho que criei minha própria Sodoma.

sábado, abril 14, 2007

Fundo preto (opa!)

Desde que descobri que a cor branca consome mais energia, decidi mudar a cor de fundo do blog. Afinal, já bastam milhões de pessoas acessando as páginas brancas do Google a cada segundo.

Engajamento é isso aí.

quinta-feira, abril 12, 2007

A doença? Você decide.

Com resultados do hemograma e do sumário de urina prontos, imagino que vou ter a raiz dos meus problemas. Ou, pelo menos, descobrir quais os meus problemas.

Cálculo renal e infecção urinária foi o primeiro diagnóstico após uma médica sugerir que fosse gastrenterite.

Mas um ultra-som hoje pela manhã não detectou cálculos. Pelo menos, não dos visíveis.

E meu médico acha que não estou com uma infecção urinária. Mas ele também não sabe que outra coisa eu tenho.

Enfim, só sei mesmo é que está me incomodando um bocado. Maldita-seja-lá-qual-for doença.

quarta-feira, abril 11, 2007

Uma dose de soro com Buscopan, por favor

Ficar doente no meio da semana pode parecer muito divertido. Até porque qualquer coisa durante o horário de trabalho parece muito divertida, desde que não seja trabalho. Mas quando a doença exige que você tenha de ir ao hospital, as coisas não ficam nem pouco divertidas.

Os males ideais para se ter no meio da semana são gripe, diarréia, febre ou, no máximo, uma dengue. Qualquer coisa além disso torna as coisas complicadas demais. Muito melhor é trabalhar.

Desde ontem estava com um tremendo mal-estar. Piorou hoje pela manhã. Um grande desconforto no estômago, ânsia de vômito e enxaqueca. Coisas que sofro de vez em quando, por conta da minha gastrite crônica.

Afinal, já tenho 22 e quase todos da minha geração sofrem de problemas semelhantes desde os dez anos. Exceto, claro, os filhos de banqueiros e juízes.

A origem da minha gastrite está relacionada à má alimentação ou ao estresse do dia-a-dia. Ou por conta dos dois fatores. Coisas que nossos pais só sentiam aos 50 anos, já perto da aposentadoria.

E, hoje, descobri uma nova mania nos hospitais. Depois do hype das viroses, a moda é botar todo mundo pra tomar soro. Seja por conta de uma gripe, fimose, diarréia, gastrite ou unha encravada. Praticamente todos os pacientes que foram atendidos enquanto eu estava no hospital foram tomar soro.

Inclusive eu.

De qualquer forma, tem seus momentos divertidos. Soro com Buscopan dá um barato legal. Taquicardia, vista embaçada, boca seca e sensação de relaxamento. Uma beleza.

O que eu tenho? A médica não disse. “Talvez uma gastrenterite”, sugeriu. Certeza, só depois do resultado dos exames de sangue e de urina. Pelo menos não solicitaram coleta de fezes.

quarta-feira, abril 04, 2007

Einstein e os pedintes

Sei que depois de Einstein e a sua Teoria da relatividade, o tempo se tornou um conceito ainda mais subjetivo. Só que há quase um ano - pelo menos umas três vezes por mês - vejo uma pedinte mirim no ônibus mendingando por uns trocados porque sua “mãe está doente e o pai faleceu recentemente.”

Em lugar nenhum do mundo um ano é considerado recentemente.

E isso me irrita mais do que um “senhôras e senhôre passageiiros, descuulpe incomodáá” pronunciado naquela cadência bizarra que só os pedintes de ônibus sabem fazer.

Não sei quem botou na cabeça deles que isso pode cativar alguém. Enchi o saco de pedintes que têm três mães doentes, dois pais mortos e um irmão grávido. Sem contar que o texto ainda inclui a tradicional afirmação que “é melhor pedir do que ta fazenu coisa errada, roubano e mantano.”

Prefiro os bandidos, são muito mais sinceros, objetivos e eficientes. Eles, sim, sabem ganhar dinheiro. E, o melhor, sem ter de ler auto-ajuda empresarial.

segunda-feira, abril 02, 2007

Louro José e as reminiscências

Acredito realmente que déjà vu é um fragmento de coisas já vividas e, não apenas, uma sensação enganosa. Acho que a maldita existência de cada um já está traçada e se repete a todo o momento. Acredito que minha vida já acabou e que todo santo dia eu repito dias anteriores, de semanas atrás, anos ou décadas. Por que isso? Não sei.

E hoje, percebi algo que já aconteceu no passado se repetir no presente.

Estava eu na UNE esperando minha carteira de estudante ser entregue, quando vejo na TV a Ana Maria se casando. Tenho consciência de ter visto a Ana Maria casando umas dez vezes, desde os tempos que ela trabalhava na Record. Isso só pode ser um tipo de memória passada.

Acho que deveríamos ter bloqueios mentais para impedir esse tipo de reminiscência envolvendo a Ana Maria Braga.