quinta-feira, setembro 27, 2007

Rambo, o futuro e todo o resto


Sabe quando você precisa de uma observação bem feita para conseguir refletir sobre o estado das coisas? Aquelas palavras que fazem você notar o quanto a situação está realmente crítica. É algo como quando lhe avisam, “ei, seu zíper está aberto” e você sente que tem de fazer algo a respeito.

Ultimamente, muitos me falam para não ficar parado e procurar logo um emprego ou coisa que valha. É, eu sei. Mas também sei que preciso descansar um pouco. Só que agora parece que chegou o momento decisivo.

Vendo num site as fotos do novo filme do Rambo, comentei com uma amiga minha a decadência do Sylvester Stallone. “Tas precisando muito de uma ocupação!”, é a resposta que eu tenho dela.

Um comentário muito simples e pertinente. E parei para refletir: o que me leva a gastar tempo lendo sobre o novo filme do Rambo? Eu nem gosto dele. Será um sinal de que minha vida está perdendo o sentido? Ver fotos do Stallone velho e gordo empunhando uma metralhadora?!

Foi quase uma revelação mística. O Rambo está lá na selva, detonando terroristas, é uma ocupação. Preciso arrumar algo, logo.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Corro.

Certas horas, parece necessário fugir, mesmo sem saber de que, mesmo sem saber pra onde. Deve ser algum lampejo do meu débil instinto de sobrevivência. Mas, como fugir?

Enquanto não descubro como, venho utilizando uma alegoria para a fuga: correr, literalmente. Tem funcionado.

Sinto certo desespero ao correr, mas também dá reconforto; difícil explicar. E, correndo no calçadão da praia, tenho a impressão de que não sou o único correndo sem a preocupação mais óbvia de ficar em forma.

No trajeto sempre encontro um ou dois sujeitos que também parecem fugir de algo. Nos identificamos, de alguma forma. É um olhar diferente, não é resultado da respiração ofegante ou cansaço. Está lá antes e depois da corrida. Pelo menos nesses tempos. Também tenho esse olhar.

Pode ser pura perturbação da minha cabeça, mas posso jurar que trocamos mensagens naquela fração de segundos em que cruzamos, sempre em direções opostas. A mensagem? Não sei bem, difícil decifrar. Mas, naquele instante, nos sentimos menos sós.

Depois daquele rápido sorriso e cumprimentos implícitos, volto a correr. As pernas doem com o esforço, os músculos da panturrilha ficam rígidos, mas não paro. Corro, corro, não sei de que, não sei pra onde.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Reminiscências aleatórias (e vergonhosas)

Aproveitando os atuais momentos de ócio, passo um bom tempo revirando minhas tralhas, memórias e afins. Hoje me deparei com meu primeiro release. E não foi feito por mim, mas SOBRE mim:

“Breno é um garoto de sete anos e, apesar da pouca idade, apresenta-se com um talento promissor. É fotogênico e, além do mais, um showman nas passarelas quando desfila como manequim mirim...” (Showman??? Uau!)

“Charmoso, sendo uma criança meiga e carinho, Breninho, como é conhecido no Colégio Atual, está cursando a 1ª série, sendo um aluno que participa dos movimentos culturais do colégio.” (Ninguém nunca me chamou de Breninho no colégio e as únicas atividades supostamente culturais daquela época, das quais não participei, foram uns shows de Asa de Águia e Netinho.)

“Entre compromissos com o colégio, desfile e cursos, o Breninho reserva um tempinho com seus coleguinhas para uma boa peladinha e torcer pelo seu time do coração, o Sport Clube do Recife.” (Menino de ouro, não?)

O passado é assustador. Comecei a lembrar dos desfiles para grifes infantis como a Xixi Baby (pensando hoje, que nome bizarro). Foi uma carreira curta, ainda bem. Modelo mirim? Nunca façam isso com seu filho.

Em tempo: não fui molestado por ninguém no período.

quarta-feira, setembro 12, 2007

Freud

O rito é conhecido e respeitado por nós dois. Devo ocupar sempre o lado esquerdo da cama, encostado na parede, para que ele se aninhe do lado direito. Acontece todas há noites, há um bocado de tempo. De início, eu não achava tão confortável essa divisão injusta, afinal sou bem maior que ele e mereço mais que a metade do colchão. Atualmente, sinto falta quando ele não está do lado. Mesmo que ele quase sempre me acorde enquanto sobe na cama e eu leve muito tempo para conseguir dormir novamente.

Hoje meu companheiro noturno completa 12 anos de idade. Freud, meu cachorro está velho. Sua cabeleira preta apresenta um bocado de pêlos brancos, os olhos não enxergam mais e seu caminhar tornou-se mais lento. Mas, pelo menos pra mim, ele conserva muito do jeitinho de filhote de quando eu o ganhei. Não sei explicar. Talvez seja por conta de suas manias jamais abandonadas, como pedir por minhas meias sempre que chego em casa.

Inclusive eu estou condicionado: quando não me escuta abrir a porta, vou até ele e entrego as meias. Uma diversão fugaz antes dos pares irem para a máquina de lavar.


Focinho gelado, muitos pêlos nas roupas, lambidas inesperadas, bagunça debaixo da cama e ração esparramada pelo chão. Incrível como eu às vezes não me dou conta da alegria que essas coisas me trazem.

quarta-feira, setembro 05, 2007

No mundo a passeio

Estou retornando um hábito há muito não praticado, caminhar pela cidade. Assim, sem destino – com uma mochila nas costas, garrafa de água, chocolate, livros, música e outras coisas – tenho tentado ocupar meu dia.

Desde segunda-feira eu não trabalho. Por questões que até agora ninguém soube explicar bem, meu contrato ainda não foi fechado. Coisas de Recursos Humanos: existe a vaga, mas alguma complicação bizarra está embaçando a formalização do papel. Ou tudo dará errado e ficarei, oficialmente, desempregado. Enquanto isso, fico de molho.

Por mais incômoda que seja a incerteza do meu emprego, os dias têm sido relativamente agradáveis. Digo relativamente porque os problemas atuais vão muito além da carteira de trabalho.

Após mais de quatro anos de faculdades, estágios e afins, é realmente bom ter uma quarta-feira livre. Não tiro férias de tudo desde o dia 2 de abril de 2004. Andar por aí pode parecer o passatempo mais idiota e insosso do mundo, mas não é. Dá pra pensar sobre todos os meus problemas e também parar de pensar sobre eles enquanto converso com algum amigo que encontro ao acaso.

E, uma das melhores coisas: posso usar aquela camisa surrada dos Beatles, que veste melhor do que qualquer roupa do mundo, mas é inadequada para o trabalho.

É disso que eu preciso agora: sentir-me confortável. Nem que seja pelo simples fato de usar uma camisa amaciada pelos anos e poder caminhar sem pressa, pra lugar algum.

domingo, setembro 02, 2007

Desisto.

Sei que é o maior lugar-comum da esfera bloguística começar algo citando a “Sorte de hoje” do Orkut. Mas não pude evitar.

“Você é sociável e divertido”, me diz o mecanismo que é um equivalente virtual do Livro de Pensamentos da Ana Maria Braga. É tão importante que alguém me diga isso atualmente. Estou tentando tornar-me uma pessoa mais sociável e, por tabela, divertida.

Isso realmente confirma minha suspeita – e sei que não sou o único a pensar sobre isso – de que o Google é realmente Deus? Coincidência? Ou seria apenas um gesto simpático do Orkut para comigo?

Mas, de fato, descobri que ser sociável, simpático, divertido e amistoso, além de todo tipo de coisa que faz as pessoas legais serem pessoas legais, é muito difícil. Até tenho tentado sair mais de casa, interagir com a humanidade e tudo o mais, só que é realmente trabalhoso.

Ontem tentei botar minha sociabilidade em prática, na despedida de um amigo meu do colégio, que como outras trocentas pessoas decidiu fazer intercâmbio na Espanha.

Logo que chego à festa me sinto uma virgem no prostíbulo, por conta de uma série de características que me fazem destoar daquela massa alegre em clima de curtição. Exemplo:

Sou a ÚNICO homem no local que não está vestindo uma camisa tipo baby look.

Não sou saradinho nem gordinho como todos os outros. Não há meio-termos.

Provavelmente, a única criatura bebendo algo não alcoólico. Ok, levar chá de pêssego para uma festa é incomum, mas não deveria ser visto com algo tão absurdo assim.

Não estou calçando nenhum tênis da Nike.

Nem estou usando um par de Havaianas brancas com a bandeira do Brasil. Aliás, alguém sabe me explicar que maldita tendência é essa? Contei sete caras usando chinelos idênticos.

Enfim, não consigo simpatizar com essas pessoas, conversar com elas, escutar a música que elas escutam (muito menos, dançar!) ou rir das mesmas coisas que elas riem. Por que, afinal, de que elas riem?

Não quero mais ter o status “baladeiro de plantão” no meu Orkut.

sábado, setembro 01, 2007

FDP por engano

E não é que esta semana o meu suposto inimigo que andava me xingando de fdp acabou descobrindo que estava ofendendo a pessoa errada?

Após mais uma de suas ligações, perguntei ao cara por que diabos ele estava me xingando.

“Pô, Diego!”, ele disse.

Diego? O cara me ligou quatro ou cinco vezes achando que eu era um suposto Diego-filho-da-puta.
Após alguns segundos de conversa comigo ele acabou se convencendo que eu realmente não era Diego, o filho da puta.

Essa história merecia um desfecho mais interessante!