quarta-feira, setembro 19, 2007

Corro.

Certas horas, parece necessário fugir, mesmo sem saber de que, mesmo sem saber pra onde. Deve ser algum lampejo do meu débil instinto de sobrevivência. Mas, como fugir?

Enquanto não descubro como, venho utilizando uma alegoria para a fuga: correr, literalmente. Tem funcionado.

Sinto certo desespero ao correr, mas também dá reconforto; difícil explicar. E, correndo no calçadão da praia, tenho a impressão de que não sou o único correndo sem a preocupação mais óbvia de ficar em forma.

No trajeto sempre encontro um ou dois sujeitos que também parecem fugir de algo. Nos identificamos, de alguma forma. É um olhar diferente, não é resultado da respiração ofegante ou cansaço. Está lá antes e depois da corrida. Pelo menos nesses tempos. Também tenho esse olhar.

Pode ser pura perturbação da minha cabeça, mas posso jurar que trocamos mensagens naquela fração de segundos em que cruzamos, sempre em direções opostas. A mensagem? Não sei bem, difícil decifrar. Mas, naquele instante, nos sentimos menos sós.

Depois daquele rápido sorriso e cumprimentos implícitos, volto a correr. As pernas doem com o esforço, os músculos da panturrilha ficam rígidos, mas não paro. Corro, corro, não sei de que, não sei pra onde.

3 comentários:

Patrícia Félix disse...

Sim, sim, uma ótima opção para desangustiar um pouco. Correr. E esse lance do olhar deve ser verdadeiro, tem sempre alguém correndo pra algum lugar ou pra lugar algum.

oceano disse...

você corre porque está COM MEDO.


como a regina duarte do post lá de cima...

Breno Pessoa disse...

É isso mesmo, concordo contigo. Bem observado. Mas hoje o medo passou. Agora o sentimento é outro. Não necessariamente melhor, mas diferente. Valeu pelo toque, seja lá quem fores.