Não sei por que a humanidade tem tanto medo de tudo. Medo de morrer, de se apaixonar ou de ficar só são alguns dos temores mais típicos. Gente excêntrica pode tornar as coisas um tanto sofisticadas, como a Regina Duarte que tinha (talvez ainda tenha) medo do Lula. Particularmente, considero a Malu Mulher mais medonha que o barbudo, mas vá lá. Afinal, o inconsciente humano é inconsciente mesmo.
Na sociedade cristã ocidental (pareço sofisticado falando assim, não?), essa insegurança já começa na infância, quando se deixa de aproveitar certas brincadeiras por medo de que o Papai do Céu castigue. Coisa infundada, porque não me lembro de nenhum amigo mais travesso que tenha sofrido com alguma praga de gafanhotos ou a morte do primogênito. Este último seria ainda mais remoto, principalmente porque o sexo entre crianças era coisa bem pouco em voga na minha geração. Hoje, qualquer criança de oito anos provavelmente tem uma vida sexual mais ativa e animada que a minha.
Já no Oriente Médio, Alá e Deus até aprovam as brincadeiras mais pesadas, possibilitando às crianças judias e israelenses uma infância mais saudável. O coleguinha judeu roubou suas figurinhas no jogo do bafo? Massacre o vilarejo dele e ainda sonhe com a promessa de 72 virgens no céu! Essas crianças, sim, viram adultos sem medo quando conseguem ultrapassar a puberdade intactos a todos os atentados à sua vida.
Agora, na lira dos 20 anos, uma das coisas que mais ouço é “tenho medo”. Dói nos nervos essa geração de frouxos com medo de sentir qualquer coisa que seja simplesmente sentir. Um amigo pensa em terminar um namoro com medo de gostar de verdade de seu namorado. Outra me diz que não quer começar um relacionamento pelo mesmo pavor: gostar, amar, sei lá.
Medo de gostar? Me explica. Acho perfeitamente razoável que se tenha medo de coisas como uma punção lombar, músicas da Björk, Receita Federal ou filmes eróticos com pessoas besuntadas. Mas se preocupar em não se apegar a alguém pelo temor de que essa pessoa um dia pode sumir da sua vida é estranho e antinatural. Tudo tem um ponto final. Pra que temer?
Dizem que isso é ser racional. Parece-me estúpido, isso sim.
6 comentários:
Sabe que um dia desses um cara no metro puxou assunto comigo... e depois de mto conversar ele me disse q "medo" nao existe... existem receios... soh isso! Eu falei pra ele q determinadas coisas me deixavam com tanto receio q ele todo acumulado se tornava medo... depois disso... fizemos silencio!
Vc tem razao... ter medo de sentir algo por alguem eh realmente besteira, sou totalmente contra tbm... eu prefiro sentir medo de sentir medo do q de arriskar...
O medo vem muitas vezes da falta de segurança. Viver é, afinal, arriscar. Clichê, mas custa pra entender e aceitar o fato de que nunca sabemos o que nos aguarda na próxima esquina.
Ter medo é quando a criança, q fora queimada anteriormente no fogo aceso, passa longe do fogão. Medo do desconhecido é mais irracional. Medo de enfrentar situações, de decidir e de encarar seus fantasmas é mais feio. Natural temer que pisem na unha encravada ou cutuquem o braço antes machucado. Coragem é algo difícil de achar de forma pura hj em dia.
Eu tenho medo de altura, e acho isso extremamente racional.
Ter medo parece racional.
eu tenho medo de escuro, e acho que todo mundo sente um frio na barriga por não ver em volta, medo do desconhecido é simples, e bem racional.
Confesso: tenho medo.
E sei o quanto patético isto pode ser.
Excelente post - estava precisando ler algo assim, agora.
Abraço & stay well.
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