“Namora comigo?” (e suas inúmeras variações) é um dos pedidos mais estranhos que alguém pode ouvir. É razoável perguntar “posso te ver amanhã?” e coisas do tipo. E depois de vários amanhãs, creio que as pessoas estão namorando. Pessoas saudáveis, acredito, se juntam, simplesmente, sem formalidade.
Algo está fora dos eixos num relacionamento quando um pedido de namoro é dito ou tem de ser feito. Sobretudo quando em menos de três semanas se recebe dois pedidos de namoro de pessoas distintas. Algo REALMENTE está muito errado. E não tem nada a ver com feromônios.
Da última vez que alguém havia me pedido em namoro eu estava no terceiro ano do colégio. Esqueci o nome dela, mas eu a apelidei secretamente de Risadinha. Ela era mórmon e andava sempre com um sorriso entre o demente e histérico, uma feição que cairia bem tanto num assassino sádico quanto num drogado cheio de ácido.
Pois uma tarde Risadinha me abordou e se apresentou pra mim. Era assustador. Por vários dias seguidos ela ficou do lado de fora da sala de aula esperando que eu saísse para o recreio. Sem escapatória, ouvia histórias de aparições de Jesus e comentários simpáticos sobre mim. E ela dizendo isso com o olhar fixo e seu sorriso retardado.Uma maneira bem bizarra de flertar.
Até que, após 15 dias de conversas que eram quase monólogos dela, Risadinha me pediu em namoro. Deus, eu teria ficado menos assustado se a Virgem Maria aparecesse na coxinha que eu estava comendo na hora. Gaguejei algumas palavras fugi junto com o som do sinal que anunciava do fim do recreio.
Depois Risadinha nunca mais falou comigo. Mas fez o mesmo tipo de abordagem com um conhecido meu, que também não topou o relacionamento.
Hoje, as Risadinhas são outras. Mulheres mais velhas, supostamente maduras e sãs. Mas, no fim das contas, não mudam muito o resultado final. Continua tudo pouquíssimo sofisticado. Só é mais difícil reconhecer o estado de perturbação mental, porque elas não têm trejeitos de maníacos e sabem esconder bem suas neuroses. Risadinha, que saudade. Você era mais sincera e descomplicada.
4 comentários:
Hahahaahhaha. Tb já fui pedida em namoro pelo songomonguinho da escola. Mas q rapaz difícil, heim? Deixa as mulé pedir, po. Tá com "medo" é, prayboy? Pede pra sair 02. =*
Menino, foi traumático. Ele era feinho e abestalhado. Se chamava Josivaldo. Apesar de cdf e líder de classe (blerg), eu era de tirar onda em sala e logo me juntei às meninas da bagunça. Sempre q o pobre falava algo ou ia ao quadro, soltávamos cantadinhas cretinas pro nosso Josi. Certa feita, na saída da aula, o Quasímodo perguntou se eu queria namorar com ele. Foi de uma sinceridade e pureza tão grandes que quase chorei. De consciência pesada, claro, pq brinquei com os sentimentos do bichinho. Por isso aprendi a lição e passei a ser boazinha sempre com os rapazes, sabe? Desde que, no ano seguinte, o gordinho Oziel (a musiquinha dele era: "Nada mais gostoso que o Oziel Banana, um gordinho cheio de sabor", do babaloo) passou a me dar presentinhos. E hoje sou assim, simpática e beeem boazinha com esses hominhos tão merecedores de respeito. Rá!
P.S.: Eita, relembrar esses fatos talvez me tenha desvendado os primórdios e a origem do meu Madre Tereza de Calcutá way of life. Nossa, Menino Breno, nem terapia conseguiria tal proeza! A culpa foi dos songomonguinhos. Bem que minha mãe disse q quem tem medo do coitadinho fica no lugar dele =P
Tu deverias ver mais ludopedio, caro escritor. No mais, avisas-me quando sair a matéria do sadomasoquismo, de acordo?
Quem nunca fez joguinhos de conquista? Confesso que sim, mas aprendi - talvez na marra - que o melhor é ser sincera sempre, com o outro, claro, mas principalmente consigo.
Boa sorte, porque mulheres são complicadas! :)
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