Depois de um mês conturbado no meu prédio, a banda Sapêko finalmente se mudou. Na verdade, foi algo no meio-termo entre ser convidada educadamente a retirar do edifício e uma expulsão.
Eu jurava que eles eram daqui do Estado, mas, na verdade, são da Bahia. Imagino que, massacrados pelo axé, decidiram tentar a sorte por aqui. E como Recife é a terra da pluralidade dos ritmos, do caboclinho ao metal, passando pelo maracatu e brega, parece natural se mudar pra cá.
Basta fazer barulho que todo tipo de banda vem tentar a sorte por aqui. Foi assim com Capim Cubano, que veio da Paraíba e passou um longo tempo assolando os bares da cidade e casa de shows.
E agora o Sapêko. Saiu do meu prédio, mas ontem mesmo vi um cartaz colado num muro anunciado a apresentação: “Sapêko, direto da Bahia”. Espero que não dure muito a turnê.
terça-feira, março 27, 2007
terça-feira, março 20, 2007
Pequenos aborrecimentos da vida em prédios
Durante muito tempo reclamei aos céus por ter vizinhos integrantes de uma banda de pop rock. Em todo final de semana eu era obrigado a escutar ensaios em que eles tocavam grandes clássicos do cancioneiro nacional, passando de Capital Inicial a CPM 22.
Até que um dia que a banda se acabou ou os vizinhos se mudaram. Não sei o que aconteceu, não me relaciono muito com os vizinhos - assim como faço com boa parte das pessoas do trabalho, da vida, dos ônibus e de todo o resto.
Mas a paz musical foi interrompida após algumas semanas. Um grupo de pagode alugou um apartamento ao lado do meu. Pagode Sapêko o nome da banda.
Ponto positivo: eles têm o bom senso (talvez o único senso) de não ensaiar no apartamento.
Ponto negativo: eles adoram experimentar suas habilidades musicais com o cavaquinho térreo do prédio.
E quase todo dia quando chego em casa, me deparo com a triste cena dos integrantes da banda tirando som. Talvez eles até tenham um talento, mas o problema é acharem que esse talento está, justamente, na música.
Até que um dia que a banda se acabou ou os vizinhos se mudaram. Não sei o que aconteceu, não me relaciono muito com os vizinhos - assim como faço com boa parte das pessoas do trabalho, da vida, dos ônibus e de todo o resto.
Mas a paz musical foi interrompida após algumas semanas. Um grupo de pagode alugou um apartamento ao lado do meu. Pagode Sapêko o nome da banda.
Ponto positivo: eles têm o bom senso (talvez o único senso) de não ensaiar no apartamento.
Ponto negativo: eles adoram experimentar suas habilidades musicais com o cavaquinho térreo do prédio.
E quase todo dia quando chego em casa, me deparo com a triste cena dos integrantes da banda tirando som. Talvez eles até tenham um talento, mas o problema é acharem que esse talento está, justamente, na música.
quarta-feira, março 14, 2007
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Logo no início da manhã, comecei a rascunhar na mente o que iria postar hoje. No momento, achei a idéia divertida e relevante, mas não a escrevi na hora porque estava muito preocupado em ver o último episódio da minha atual série favorita.
E agora, poucas horas depois, não lembro de nada do que pretendia escrever. Tentei reconstituir na cabeça a primeira hora do meu dia: abri os olhos, rolei na cama, urinei (fora dela, claro), comi um pastel de nata e liguei o pc pra ver a série. E nada mais.
O que pensei entre o rolar na cama e ligar o computador eu não lembro. Sofrer pré-Alzheimer aos 22 anos só não é pior porque amanhã eu já nem lembro que tenho problemas com a memória.
E agora, poucas horas depois, não lembro de nada do que pretendia escrever. Tentei reconstituir na cabeça a primeira hora do meu dia: abri os olhos, rolei na cama, urinei (fora dela, claro), comi um pastel de nata e liguei o pc pra ver a série. E nada mais.
O que pensei entre o rolar na cama e ligar o computador eu não lembro. Sofrer pré-Alzheimer aos 22 anos só não é pior porque amanhã eu já nem lembro que tenho problemas com a memória.
terça-feira, março 13, 2007
Uma viagem inconveniente
Na chamada escola da vida, com toda certeza eu gostaria de gasear algumas aulas. Uma das lições desagradáveis de se aprender é: todas as pessoas solitárias tornam-se mais inconvenientes dentro de um ônibus.
Não tem coisa que me aporrinhe mais num ônibus do que desconhecidos tendando puxar conversa. Principalmente quando eu estou querendo ler aquele gibi que acabei de comprar na livraria ou terminar o último capítulo de um livro.
Mas hoje aprendi uma técnica que deve funcionar. Vi uma moça bonita sendo cascateada por um moço nem tão agradável. Quando ele começou a puxar conversa ela respondeu mexendo o ombro de forma incontrolável. Em seguida, começou a dobrar o pescoço pro lado.
Se era tique nervoso ou não, deu certo. O cara não falou mais nada e ela continuou seguindo viagem tranqüila, apenas mexendo algumas partes do corpo de forma caótica. Simples, eficiente e muito educado.
Não tem coisa que me aporrinhe mais num ônibus do que desconhecidos tendando puxar conversa. Principalmente quando eu estou querendo ler aquele gibi que acabei de comprar na livraria ou terminar o último capítulo de um livro.
Mas hoje aprendi uma técnica que deve funcionar. Vi uma moça bonita sendo cascateada por um moço nem tão agradável. Quando ele começou a puxar conversa ela respondeu mexendo o ombro de forma incontrolável. Em seguida, começou a dobrar o pescoço pro lado.
Se era tique nervoso ou não, deu certo. O cara não falou mais nada e ela continuou seguindo viagem tranqüila, apenas mexendo algumas partes do corpo de forma caótica. Simples, eficiente e muito educado.
segunda-feira, março 12, 2007
Finge que eu gosto
Por muito tempo achei simular emoções era coisa de gente insensível como eu ou uma mania de pessoas idiotas. Agora tenho convicção de que todo mundo está fadado a fingir ser alguém que não é, uma ou várias vezes ao dia.
Eu, pelo menos, finjo ser outra pessoa dentro de casa. Lá eu não falo palavrão e tento parecer mais sereno e seguro. Escrevendo assim pode parecer coisa pouca, mas a diferença é notável. Dentro do lar eu sou outro.
Tenho plena consciência de que o doido sempre se acha mais são do que seus colegas de manicômio, mas me acho saudável, em relação a outras pessoas que me cercam. Afinal, meus motivos são nobres: a harmonia do lar.
Tem horas que quase toda relação entre as pessoas me parece um embuste. Sei que existe amor e afeto entre os humanos, mas não me entra na cabeça todos esses homens que são carinhosos e meigos exclusivamente com amigas bonitas ou chefes de trabalho.
Também não compreendo essas mulheres de 18 ou mais de 20 anos falando fofo e com trejeitos dóceis. Ninguém pode desenvolver essas características patéticas espontâneamente. É pura frescura adquirida, com propósitos obcuros.
Sempre reclamam de mim, fora de casa - claro -, por ser um tanto hostil ou até rude com as pessoas. Mas é algo espontâneo. Por que diabos ninguém reclama de alguém melososo em excesso e por que eles são socialmente mais aceitáveis que eu?
Eu, pelo menos, finjo ser outra pessoa dentro de casa. Lá eu não falo palavrão e tento parecer mais sereno e seguro. Escrevendo assim pode parecer coisa pouca, mas a diferença é notável. Dentro do lar eu sou outro.
Tenho plena consciência de que o doido sempre se acha mais são do que seus colegas de manicômio, mas me acho saudável, em relação a outras pessoas que me cercam. Afinal, meus motivos são nobres: a harmonia do lar.
Tem horas que quase toda relação entre as pessoas me parece um embuste. Sei que existe amor e afeto entre os humanos, mas não me entra na cabeça todos esses homens que são carinhosos e meigos exclusivamente com amigas bonitas ou chefes de trabalho.
Também não compreendo essas mulheres de 18 ou mais de 20 anos falando fofo e com trejeitos dóceis. Ninguém pode desenvolver essas características patéticas espontâneamente. É pura frescura adquirida, com propósitos obcuros.
Sempre reclamam de mim, fora de casa - claro -, por ser um tanto hostil ou até rude com as pessoas. Mas é algo espontâneo. Por que diabos ninguém reclama de alguém melososo em excesso e por que eles são socialmente mais aceitáveis que eu?
quinta-feira, março 08, 2007
Um dia sem quê nem para quê
Dar flores nunca serviu pra muita coisa. Todo defunto minimamente querido recebe uma boa quantidade de rosas e coroas de flores no seu enterro, mas o ato não surte nenhum efeito. Nada deles voltarem à vida depois da homenagem florida.
O mesmo pensamento vale pro Dia Internacional da Mulher. O fato delas receberem um botão de rosa vermelha todo santo dia 8 de março não muda nada. Até porque as mulheres são criaturas superiores. Parece um tanto sem propósito o ato.
Sexies (palavra estranha), mais inteligentes, com menos pêlos, dotadas de seios e bundas, elas sim dominam o mundo. Deixem as flores para outro dia. O dia seguinte, por exemplo.
O mesmo pensamento vale pro Dia Internacional da Mulher. O fato delas receberem um botão de rosa vermelha todo santo dia 8 de março não muda nada. Até porque as mulheres são criaturas superiores. Parece um tanto sem propósito o ato.
Sexies (palavra estranha), mais inteligentes, com menos pêlos, dotadas de seios e bundas, elas sim dominam o mundo. Deixem as flores para outro dia. O dia seguinte, por exemplo.
Música portuguesa, ora pois!
Já que todo mundo que tem um blog vez ou outra recomenda o que gosta, lá vai uma sugestão de música
A maioria do público brasileiro tem Roberto Leal e seu “vira” como única referência de música portuguesa. Depois do trauma causado pelo sucesso do moço por estas terras na década de 90, é natural pensar que toda produção de Portugal tenha algo a ver ternos brancos, dança espalhafatosa e som cafona. Neste caso, ter preconceito é quase um instinto de defesa. Mas existe, sim, música portuguesa de qualidade.
Conheci por acaso, há uns dois anos, um grupo chamado Clã. E é uma das melhores coisas que escutei neste período. Difícil classificar o som, algo entre um bom pop e rock, só que sem guitarras. São dois baixos, dois teclados, bateria e uma voz feminina poderosa garantem um resultado muito bom.
Fica algo entre Mutantes e Pato Fu, só que com charmoso sotaque luso. Quem quiser conhecer, pode visitar o site e ouvir muitas músicas em stream ou procurar no e-mule, como o próprio tecladista da banda me recomendou, já que o grupo não tem nenhum dos seus cinco álbuns lançados por aqui.
Dá pra encontrar o Clã também em participações especiais, como na última faixa do disco Toda cura para todo mal, do Pato Fu, e no O irmão do meio, do também português Sérgio Godinho.
A quem interessa, o nome dos bois: Hélder Gonçalves (baixo piccolo e voz), Miguel Ferreira (teclados e voz), Pedro Biscaia (teclados), Pedro Rito (baixo), Fernando Gonçalves (bateria) e Manuela Azevedo (voz).
A maioria do público brasileiro tem Roberto Leal e seu “vira” como única referência de música portuguesa. Depois do trauma causado pelo sucesso do moço por estas terras na década de 90, é natural pensar que toda produção de Portugal tenha algo a ver ternos brancos, dança espalhafatosa e som cafona. Neste caso, ter preconceito é quase um instinto de defesa. Mas existe, sim, música portuguesa de qualidade.
Conheci por acaso, há uns dois anos, um grupo chamado Clã. E é uma das melhores coisas que escutei neste período. Difícil classificar o som, algo entre um bom pop e rock, só que sem guitarras. São dois baixos, dois teclados, bateria e uma voz feminina poderosa garantem um resultado muito bom.
Fica algo entre Mutantes e Pato Fu, só que com charmoso sotaque luso. Quem quiser conhecer, pode visitar o site e ouvir muitas músicas em stream ou procurar no e-mule, como o próprio tecladista da banda me recomendou, já que o grupo não tem nenhum dos seus cinco álbuns lançados por aqui.
Dá pra encontrar o Clã também em participações especiais, como na última faixa do disco Toda cura para todo mal, do Pato Fu, e no O irmão do meio, do também português Sérgio Godinho.
A quem interessa, o nome dos bois: Hélder Gonçalves (baixo piccolo e voz), Miguel Ferreira (teclados e voz), Pedro Biscaia (teclados), Pedro Rito (baixo), Fernando Gonçalves (bateria) e Manuela Azevedo (voz).
Devagar divagação sobre divagar
Sinto um certo incômodo em viver, não por qual motivo. Não, isso não é nenhuma carta suicida nem uma reflexão depressiva. Sinto desconforto por não saber a razão das coisas. E tem dia que isso dá uma agonia, principalmente quando se está dentro de um ônibus no engarrafamento. Impossível não pensar.
E depois de pensar e pensar sobre as questões fundamentais do universo no trajeto de volta pra casa (e não conseguir a resposta de nenhuma), fico um tanto mais perturbado. Me bate uma sensação parecida com hemorróidas. E tal qual varizes no ânus, não consigo ficar sentado por muito tempo. Uma ansiedade constante, vontade de fazer tudo.
Fico lendo uns dez livros no mesmo período, vários pedacinhos de cada um em dias alternado. Arrumo a coleção de gibis, vejo seriados, como chocolate, jogo no computador ou fico andando pra cá e pra lá pela casa.
A necessidade de me manter ocupado tem atingido níveis absurdos de absurdo:
Tarde livre? Vejo o filme novo da Turma da Mônica ou Turistas no cinema.
Nada pra fazer de manhã? Vou a praia ler gibi na areia.
Chego mais cedo do trabalho? Passo no shopping pra comer pão de queijo e tomar cafezinho ou vou correr destrambelhado no calçadão.
Acabo não me concentrando em nada. Ando disperso feito palavras numa música do Djavan. Por que tudo isso?
E depois de pensar e pensar sobre as questões fundamentais do universo no trajeto de volta pra casa (e não conseguir a resposta de nenhuma), fico um tanto mais perturbado. Me bate uma sensação parecida com hemorróidas. E tal qual varizes no ânus, não consigo ficar sentado por muito tempo. Uma ansiedade constante, vontade de fazer tudo.
Fico lendo uns dez livros no mesmo período, vários pedacinhos de cada um em dias alternado. Arrumo a coleção de gibis, vejo seriados, como chocolate, jogo no computador ou fico andando pra cá e pra lá pela casa.
A necessidade de me manter ocupado tem atingido níveis absurdos de absurdo:
Tarde livre? Vejo o filme novo da Turma da Mônica ou Turistas no cinema.
Nada pra fazer de manhã? Vou a praia ler gibi na areia.
Chego mais cedo do trabalho? Passo no shopping pra comer pão de queijo e tomar cafezinho ou vou correr destrambelhado no calçadão.
Acabo não me concentrando em nada. Ando disperso feito palavras numa música do Djavan. Por que tudo isso?
sábado, março 03, 2007
Eclipse
Não sei por que, mas tenho a impressão que todo ano acontece um ou dois eclipses desses que dizem que só vão acontecer novamente daqui a 100 ou 1003 anos.
Sempre a mesma balela na televisão: “o eclipse só será visto novamente daqui a oito décadas e muita gente se aglomera nos observatórios para conferir o fenômeno e blá-blá-blá”.
De onde é que sai tanto eclipse?
Sempre a mesma balela na televisão: “o eclipse só será visto novamente daqui a oito décadas e muita gente se aglomera nos observatórios para conferir o fenômeno e blá-blá-blá”.
De onde é que sai tanto eclipse?
Falta de assunto.
A pedidos (poucos, é verdade, mas sinceros), estou de volta. Encerra-se aqui o recesso deste blog.
A decisão de parar de escrever não foi por conta falta de tempo, mas de criatividade. Mais especificamente, falta de assunto. É difícil arrumar algo sobre o que escrever.
Sabe aqueles momentos em que você inevitavelmente fica com cara de bunda olhando pra outra pessoa sem ter o que falar? Quando o conhecido do trabalho que senta do seu lado do ônibus e você não consegue conversar, exceto, no máximo, dizer que está muito quente lá fora ou soltar algumas palavras sobre a péssima comida do refeitório da empresa? Pois é, sinto isso toda hora.
Padeço deste mal, não só com desconhecidos, mas também com os mais chegados. Acho coisa complicada por demais conversar. Não tenho o timing. Fico num estado crônico de cara de bunda.
Desconfio que a primeira frase que aprendi a falar foi um reticente “pois é”. Preciso treinar mais.
A decisão de parar de escrever não foi por conta falta de tempo, mas de criatividade. Mais especificamente, falta de assunto. É difícil arrumar algo sobre o que escrever.
Sabe aqueles momentos em que você inevitavelmente fica com cara de bunda olhando pra outra pessoa sem ter o que falar? Quando o conhecido do trabalho que senta do seu lado do ônibus e você não consegue conversar, exceto, no máximo, dizer que está muito quente lá fora ou soltar algumas palavras sobre a péssima comida do refeitório da empresa? Pois é, sinto isso toda hora.
Padeço deste mal, não só com desconhecidos, mas também com os mais chegados. Acho coisa complicada por demais conversar. Não tenho o timing. Fico num estado crônico de cara de bunda.
Desconfio que a primeira frase que aprendi a falar foi um reticente “pois é”. Preciso treinar mais.
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