Algumas vezes evoco Dylan e tento acredita no verso “when
you got nothing, you got nothing to lose”. Em ocasiões como essas, acabo por
fazer coisas como aceitar o convite de dois amigos para ir a uma boate numa
noite de sexta-feira. E vamos lá com a certeza de que não temos nada a perder.
Grande equívoco.
O drama começa já na fila da boate, quando vejo todos aqueles caras com camisas polo estampadas com brasões e/ou números enormes e mulheres que acham bacanas os caras com camisas polo estampadas com brasões e/ou números enormes. Com todo meu preconceito e apatia, tenho convicção de que não quero estar lá dentro nem muito menos interagir com aquelas pessoas que dentro de instantes estarão cantando e dançando a alegremente a música da posição da rã.
O cenário
lá dentro é desolador. Se tenta emular um cenário rústico que remeta à temática
mexicana da casa, mas todos aqueles arbustos e ramos de flores, somados à parca
iluminação gelo seco me fazem lembrar a decoração de cemitério que um parque de
diversões daqui adota próximo ao Dia das Bruxas. Até uns esqueletos próximos ao
teto a boate tem. Impossível evitar essa associação.
A atmosfera
de quermesse em Dia das Bruxas é reforçada pelo público, que em sua maioria age
como zumbis menos interessantes do que os habituais. Eles não buscam miolos
como os mortos-vivos bacanas; eles querem azarar, ouvir músicas patéticas e
pagar R$ 7 numa long neck de Skol. Difícil aceitar que todos eles estão em
plena posse de suas faculdades mentais.
Aí bate um
complexo de messias, e fico entre perdoai-pai-eles-não-sabem-o-que-fazem e SAI-CAPETA.
Queria salvar aquelas pessoas, embora em meio àquele clima de alegria geral até
fique em dúvida se não sou eu quem precisa de salvação. Espero que não.
6 comentários:
Na moral, acho que quem precisa de tratamento é vc nobre colega. As pessoas estão ali por diversão, e se a música é ruim p vc, talvez n seja para quem vai. Conselhos, seja menos intolerante, e aceite a diversão, seja eclético.
Sim, caro anônimo, há intolerância e preconceito em tudo que eu disse e sei também que muita coisa que considero boa é ruim ou um pé no saco pra outros. Às vezes eu tento esse ecletismo, geralmente sem sucesso. Mas quem sabe um dia eu chego lá?
Vc me interpretou mal, vossa excelência. Me referia ao gosto dos mortos-vivos. Achei de uma intolerância ímpar sua alteza afirmar que os zumbis que frequentam boates são menos interessantes que os habituais baseado somente em sua preferência por músicas de cunho brego-sexual e cervejas long neck. É bem sabido que hoje em dia é deveras complicado encontrar um cérebro de qualidade. Comcomitantemente, tais necrófilos apelam para uma dieta mais rica em levedo e cereais. Ergo, tais cadáveres reanimados podem ser tão ou mais interessantes que o zumbi comum, uma vez que estão ébrios. Vis-à-vis peço que reconsidere.
Ei, Breninho lindo! Eu gostei, muito, especialmente do final. Estava com saudade dos seus textos.
Poxa, adorei a decoração. Onde fica isso? 0.o
outrobreno... tem vezes que eu acho que vivemos no mesmo mundo! mas tem vezes que eu acho nosso endereços um pouco distantes!
=**
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