Não acredito em felicidade como um estado perene de
espírito; me parece algo essencialmente efêmero. A tristeza, por outro lado, se
revela muito mais constante e duradoura.
Digo, não é como se me sentisse infeliz o tempo inteiro, mas
ter a infelicidade como constância é muito mais comum e alcançável do que uma
sensação prolongada de felicidade. Já passei meses me sentindo triste todos os
dias. Todo mundo tem um período assim.
Nunca escutei algo como “nossa, lembra aquele ano que eu passei plenamente
feliz?”.
É algo parecido com um orgasmo, sabe? Não pareceria natural
ficar gozando o tempo todo. A felicidade me soa assim, mas não rápida nem
acessível à mão num momento de aperto.
Talvez por encarar felicidade/infelicidade dessa maneira eu
tenha dificuldade em identificar quando estou particularmente triste e esse
estado se prolonga por mais tempo. Parece um engano perfeitamente normal não
saber se a apatia passou do limite e do tempo razoável, principalmente quando
você consegue se manter funcional na maior parte das horas.
Parece uma vantagem conseguir tocar a vida ao mesmo tempo
que sua mente está em frangalhos, mas talvez isso só faça perder o foco da
coisa e deixar situação se deteriorar.
Acho que estou deprimido.