terça-feira, maio 01, 2012

Zumbis curtem dançar na posição da rã


Algumas vezes evoco Dylan e tento acredita no verso “when you got nothing, you got nothing to lose”. Em ocasiões como essas, acabo por fazer coisas como aceitar o convite de dois amigos para ir a uma boate numa noite de sexta-feira. E vamos lá com a certeza de que não temos nada a perder. Grande equívoco.

O drama começa já na fila da boate, quando vejo todos aqueles caras com camisas polo estampadas com brasões e/ou números enormes e mulheres que acham bacanas os caras com camisas polo estampadas com brasões e/ou números enormes. Com todo meu preconceito e apatia, tenho convicção de que não quero estar lá dentro nem muito menos interagir com aquelas pessoas que dentro de instantes estarão cantando e dançando a alegremente a música da posição da rã.

O cenário lá dentro é desolador. Se tenta emular um cenário rústico que remeta à temática mexicana da casa, mas todos aqueles arbustos e ramos de flores, somados à parca iluminação gelo seco me fazem lembrar a decoração de cemitério que um parque de diversões daqui adota próximo ao Dia das Bruxas. Até uns esqueletos próximos ao teto a boate tem. Impossível evitar essa associação.


A atmosfera de quermesse em Dia das Bruxas é reforçada pelo público, que em sua maioria age como zumbis menos interessantes do que os habituais. Eles não buscam miolos como os mortos-vivos bacanas; eles querem azarar, ouvir músicas patéticas e pagar R$ 7 numa long neck de Skol. Difícil aceitar que todos eles estão em plena posse de suas faculdades mentais.   

Aí bate um complexo de messias, e fico entre perdoai-pai-eles-não-sabem-o-que-fazem e SAI-CAPETA. Queria salvar aquelas pessoas, embora em meio àquele clima de alegria geral até fique em dúvida se não sou eu quem precisa de salvação. Espero que não.