É a primeira vez em sete ou oito anos que passo tanto tempo solteiro. Já se vão uns seis meses desde o último relacionamento. Parece bem pouco tempo. Aliás, é, sim, pouco tempo. O problema é ter me tornado dependente disso; caso tão problemático quanto o de um viciado em crack.
E como junkie amoroso que me tornei, alimentei meu vício quase sempre de forma irresponsável. Experimentei todos os tipos que me apareceram, pela simples necessidade de estar entorpecido na maior parte do tempo:
- Teve aquela namorada que quase me matou por overdose de sentimento.
- A que eu experimentei achando que iria pirar, mas não deu barato algum.
- Aquelas duas ou três que foram, indiscutivelmente, bad trips.
- A alucinógena, que me fez ver e sentir coisas que, de fato, não existiam.
- E, claro, houve também quem me fizesse sentir verdadeiramente feliz e despreocupado.
Hoje, estou limpo, mas não posso falar “venci o vício”, como diz aquele suposto ex-viciado em crack que vem me vender canetas com mensagens evangélicas no ônibus. Porque ainda tenho súbitas crises de abstinência afetiva. E nessas horas me pergunto se realmente quero ficar longe disso. Talvez seja apenas uma questão de escolher melhor quem vai me fazer chapar.