sexta-feira, julho 06, 2007

De raspão

- Com licença, é um assalto...

Metade do pessoal que estava no restaurante pára pra ver o sujeito, meio gordinho e baixinho que entrou correndo no local. O cara não tinha a menor pinta de assaltante, mas antes mesmo ele terminasse a frase, muita gente já estava assustada.

Gritinho pra cá, gemidinho pra lá, quase todo mundo fica com cara de bunda esperando o cara sacar a arma. O restante, estava absorto comendo, provavelmente, um prato de macaxeira com charque, o prato mais sofisticado que se pode exigir de um restaurante de beira de estrada.

Pânico instalado, o sujeito tenta reformular sua frase inicial.

- Olha, é um assalto que...

Não consigo ouvir o resto do que ele diz porque uma mulher veio preocupada falar que estava nervosa com o assalto.

Os garçons começam a fechar as portas do restaurante. E eu começo a perceber a situação: estávamos sendo assaltados e para que ninguém percebesse o que estava se passando lá dentro, o assaltante mandou fechar as portas.

Fodeu.

Logo em seguida, os garçons começam a observar pelas janelas. Alguém diz ter ouvido tiros. E gordinho fala outra vez. E ouço claramente.

- Tá tendo um assalto no restaurante do lado.

Ah.

Depois de alguns minutos nisso, decidimos que seria melhor sair de lá e correr para o carro.

“Bem que eu não queria mesmo parar nessa porra de restaurante”, pensei quando voltei para o carro. Estava voltando de uma viagem de trabalho um tanto sacal e o que mais queria era dormir.

Hoje, pela manhã, vejo na manchete do jornal: SUPERINTENDENTE DA POLÍCIA ASSASSINADO - Lourinaldo Vitorino foi morto durante assalto a um restaurante localizado na BR-232.

Exatamente no restaurante próximo de onde estava. E haviam até cogitado parar lá, minutos antes. Sorte.