- Com licença, é um assalto...
Metade do pessoal que estava no restaurante pára pra ver o sujeito, meio gordinho e baixinho que entrou correndo no local. O cara não tinha a menor pinta de assaltante, mas antes mesmo ele terminasse a frase, muita gente já estava assustada.
Gritinho pra cá, gemidinho pra lá, quase todo mundo fica com cara de bunda esperando o cara sacar a arma. O restante, estava absorto comendo, provavelmente, um prato de macaxeira com charque, o prato mais sofisticado que se pode exigir de um restaurante de beira de estrada.
Pânico instalado, o sujeito tenta reformular sua frase inicial.
- Olha, é um assalto que...
Não consigo ouvir o resto do que ele diz porque uma mulher veio preocupada falar que estava nervosa com o assalto.
Os garçons começam a fechar as portas do restaurante. E eu começo a perceber a situação: estávamos sendo assaltados e para que ninguém percebesse o que estava se passando lá dentro, o assaltante mandou fechar as portas.
Fodeu.
Logo em seguida, os garçons começam a observar pelas janelas. Alguém diz ter ouvido tiros. E gordinho fala outra vez. E ouço claramente.
- Tá tendo um assalto no restaurante do lado.
Ah.
Depois de alguns minutos nisso, decidimos que seria melhor sair de lá e correr para o carro.
“Bem que eu não queria mesmo parar nessa porra de restaurante”, pensei quando voltei para o carro. Estava voltando de uma viagem de trabalho um tanto sacal e o que mais queria era dormir.
Hoje, pela manhã, vejo na manchete do jornal: SUPERINTENDENTE DA POLÍCIA ASSASSINADO - Lourinaldo Vitorino foi morto durante assalto a um restaurante localizado na BR-232.
Exatamente no restaurante próximo de onde estava. E haviam até cogitado parar lá, minutos antes. Sorte.